sábado, 30 de outubro de 2010

Rita Blanco

Hoje estava a acabar de almoçar e liguei a televisão. Estava a dar um programa em que a entrevistada era a Rita Blanco. Deixei ficar.
Adoro a Rita e a sua maluquice divertida, a qual disfarça e brinca com uma inteligência clara e objectiva. As respostas saem-lhe sempre prontas, disparadas com uma irreverência que de aparição televisiva para aparição, ela tem vindo a aprimorar de forma a que não lhe saia nada que ela não queira.

Qual não é o meu espanto, a meio da alegre entrevista perguntam-lhe o que tinha mudado nela após o suicidio do pai.

Parei de mastigar. Nunca tinha ouvido nada sobre isso.

Ela foi curta e directa:"-Absolutamente nada. Ele era livre e tomou uma decisão. Tinha esse direito. A vida era dele, não minha." E a seguir explicou que levou tempo a aceitar e a perceber que não tinha nada a ver com ela, que não tinha sido ela a origem e que não tinha sido feito de forma a atingi-la.

As lágrimas cairam-me automáticamente.
Eu levei alguns anos a aceitar. A aceitar que o meu irmão tinha esse direito. A aceitar o sofrimento provocado aos meus pais. Mas consegui. Hoje sei que quem o faz quer apenas acabar com a dor, derrubar a parede que tem na frente.

Mas não posso dizer que nada mudou em mim. Mudou muita coisa. Quando algo na minha vida está mal, mudo-a, seja o que for. Dou valor ao que tenho, muito. Prezo o meu bem-estar, a minha felicidade, a minha vontade. Faço muito poucos "fretes" e procuro não deixar coisas por dizer, principalmente as boas. E o mais importante, peço ajuda quando preciso, sempre, sempre.

Sei que estás bem, onde quer que estejas.

1 comentário:

  1. Eu também estava a ver essa entrevista. E também tive vontade de chorar.
    Adorei a resposta dela. Nunca vi ninguém falar sobre aquele tema sem fugir ás respostas «politicamente correctas».

    Tenho que ser mais assim...

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